O Tarot nasceu no norte da Itália do século XIV, embora as referências mais antigas sobre cartas de jogo na Europa estejam em um dicionário catalão.
Apesar da conotação mágica e intocável das cartas, elas não vieram do Egito. Suas imagens vêm da mesma tradição cultural dei Trionfi de Francesco Petrarca, de alguma forma aproximando o Tarot da poesia.
Ainda assim, é um baralho sem autoria. Talvez por ter se perdido no tempo, mas certo é que esta autoria é tão múltipla que toma a forma de quem o consulta. “Ele é fruto”, nas palavras do poeta argentino Alberto Cousté, “de uma soma de indivíduos e da paciência dos séculos”. E sua eficácia começa onde uma leitura das cartas termina, porque ninguém acabará de ler este livro que ninguém escreveu, porque o olhar de quem o lê torna a escrevê-lo.
É uma arte combinatória, um exercício intelectual de primeira ordem: não só porque requer a concentração do intérprete ante a pluralidade de vários níveis das imagens, mas porque proporciona um diálogo inteligente entre quem interpreta e quem recebe a interpretação.